sábado, 28 de março de 2015

Pensamentos | Uns perso-nagens

Helena já desistira de ficar na cidade por conta do caos que o cinza lhe conferia naqueles dias de boas vindas ao inverno. Pegou seu veiculo e correu para o sítio onde desde que chegara, o respirar desatou e automaticamente a elevou ha um estado de plenitude e felicidade que mantinha seu silencio em ordem.

Acorda pouco antes do sol, aproxima-se da varanda para estudar um pio de coruja e parte para a cerimonia do café matinal. Mesmo bem agasalhada sente o frio que, de certa forma, a acalma, a cozinha da casa é pequena, assim como a casa no todo, mas as janelas grandes tornam o lugar tão parte daquela natureza que o tamanho parece ampliar a ponto de estar dentro ou do lado de fora da casa não muda a sensação de presença naquela atmosfera de vida existencial.

A fumaça do café pronto serve de aromatizador de ambiente, como também, um soar de alarme para lembrar que o nascer do sol estava a caminho. Desliga a torradeira, coloca as torradas de Bagel no pequeno prato de sobremesa ao lado do pote de geleia caseira de morangos; apoia a xícara de café no pires colorido e leva seu desjejum até a varanda para poder dar Bom dia ao seu vizinho, o Sol.

Ao longo dos dias...

Mantem-se calada, as vezes, conversa com alguém, não existe ninguém além dela, é parte do seu trabalho de criação. Helena vive seus personagens, sonha com outros, enxerga-os através de outras formas como, por exemplo, captava nas nevoas da manhã uma característica que poderia cair bem para determinado personagem ou quando fechava os olhos, tentava extrair o máximo de imagens, sensações que provinham daquele momento e assim que abria-os, martelava os teclados do seu livro digital com um sorriso de uma jovem criança quando descobre um tesouro perdido. As experiencias de criação dos seus personagens, ou das histórias, eram seriamente interpretadas por ela.

Lembro quando ainda na cidade, tinha dado a luz à Laura, sua mais nova e sedutora personagem.

Laura era ácida, queria viver tudo com muita intensidade, não pensava no que vinha depois, era o agora por completo. Laura, não era garota de programa, não tinha apetite voraz pelo sexo propriamente dito, ela gostava de alucinar como se fosse uma droga cujo nome desconhecido tomasse todo o seu parceiro a ponto de conduzi-lo a um tipo de vício e que dependia unica e exclusivamente de Laura para que pudessem experimentar tal prazer.

Era isso que Laura gostava, de ser a pimenta mais quente que ardia no corpo todo e não só em algumas áreas da boca. Queria ir fundo nos lugares onde nenhuma outra mulher, daquele parceiro, pudesse ou se quer tivesse se aproximado. Laura namorou por muito tempo, Tenry, nome artístico de Dereck Ten. Tenry se apaixonou desde o primeiro beijo. Laura usava sempre os cabelos soltos, cor de ferrugem, vestidos leves que não escondiam seu corpo por debaixo deles, mas faziam breve suspense para os interessados pelo que tinha por detrás. Tenry a viu passar pelos corredores da escola de música, onde na época era professor.

Depois de uma semana acompanhando atentamente o dançar dos passos de Laura, estava destinado a agir. No café da escola, Laura sempre ficava pelo menos uns 30 minutos por lá, gostava de apreciar o lugar que era repleto de zelo, tudo no devido lugar, uma limpeza visual que atraia para passar mais tempo. Tenry, sabendo que sua fascinante bailarina do corredor estaria ali naquele horário, como sempre estaria muito cheio, aproximou-se de Laura e pediu a gentileza para sentar-se com ela, Laura naturalmente permitiu a companhia.

Aquele dia Tenry e Laura conversaram, riram muito, descobriram que as coisas nada em comum completavam os interesses dos dois, o que foi mais interessante. Tenry bem planejado, convidou-a para um jantar em um bar descolado que ficava no meio do caminho para a casa de ambos.

Na noite do encontro, Laura despretensiosa mas sempre pronta para o que vivenciaria, colocou um vestido de cor vinho e detalhes dourados bem descritos. Ela não chamava a atenção pelo o que vestia, um do seus segredos era a beleza natural, a cor dos cabelos que eram realçados pelo batom vermelho que colocava na boca. Pronto, isso bastava para que fosse vista por todos na rua.

Chegaram no lugar e o clima era de muita animação, musica de boate, gente humorada, risos em cada canto do lugar. Mas bem ao fundo, havia um jardim onde ficava o restaurante, ali era mais calma, elegante e propicio para uma nova paixão. Sentaram em uma mesa, a noite estava agradável, uma lua cheia incrível banhava o corpo dos dois de prata. Depois de uma longa conversa, Tenry perguntou sobre o perfume de Laura e pediu para sentir de perto. Quando aproximou o nariz do pescoço e fez uma inspiração para provar daquele perfume que, na verdade, vinda da boca, como chamando-o para um beijo, tão logo sentiu que seu corpo aquecia e o de Laura se arrepiava, em um ato instintivo tomou uma das mãos até a nuca de Laura e gentilmente, como sempre, antes ainda de beijá-la, olhou-a bem nos olhos, como que pedindo permissão mas também para fotografar aqueles olhos, aquela boca em sua memória....

Foram para a casa de Tenry, sentiam-se tão próximos, tão familiarizados que não tiveram vontade de criar um cenário para o amor que os aguardava. Laura aumentava a temperatura de Tenry a cada fixar de olhos, despiu-se e ficou por alguns minutos só encarando Tenry.,pediu para que viesse até ela e dançasse uma musica suave, queria tornar um movimento único, Tenry tomou sua mão e então começaram um tipo de valsa, onde as vontades e desejos eram amplificados pelo esbarrar de seus sexos, Tenry estava muito quente, sentia sua pele descamar uma sensibilidade diferente. Laura sorria porque também estava sentindo o mesmo, era exatamente o que fazia bem, depois da dança, pediu para ele que a tocasse pelas costas, ainda em pé, Tenry obedecia, suas maos grandes no corpo dela com firmeza, audácia, continuavam aumentando o calor, sem pressa de possui-la, porque na verdade, tinha a sensação de que suas mãos já as faziam como se fossem o seu próprio sexo dentro dela. Tenry fechava os olhos, e a sensibilidade era como uma agulhada na seu racional. Queria entender o que estava sentindo ao mesmo tempo que só queria sentir....

[...]

Depois que Helena me contou de Laura, sempre que viaja para seus momentos de criações, fico ansioso para saber o que vem por aí, disse Daniel para Felipe, na manhã de quinta-feira.



quarta-feira, 25 de março de 2015

Pensamentos | Outras visitas

Helena está escrevendo um livro, sabia disso?

Não, não sabia. Faz tempo que não encontro com ela, inclusive.

Pois é, está imersa nisso, não tem falado comigo se não procurando em mim um de seus personagens. As vezes tenho dificuldade de separar as coisas, mas admiro muito sua imersão, esses descompassos.

Entendo, também escrevo, sabe disso. Mas devido ser mais técnico não tenho esse problema da criatividade ilustrada como na escrita de Helena.

Bessie Smith, Louis Armstrong, Ella Fitzgerald e tantas outras obras refinadas tocam ao fundo, num som rústico que vem da vitrola da casa de Daniel.

A casa é da dobradiça da porta de entrada ao telhado antigo, escuro e ocre, a própria personalidade de Daniel, meticulosamente testados, cores, materiais, ângulos, formas, tamanhos, o que aonde e porque, ele fez questão de conhecer tudo da casa e ter em cada canto sua cara, fazendo da daquele quadrado em madeira e concreto um tipo de placenta.

Como naquela quarta, e tantas outras, Felipe, e mais três amigos, visitam Daniel para longos conversares. Numa cesta de vime encontram diversas sementes oleaginosas e combinações de frisantes para degustarem ao longo da tarde até a madrugada.

Nessa quarta, exclusivamente, só estavam Felipe e Daniel, o que deu a liberdade de um papo próximo de uma particularidade de divã. Daniel estava cansado de ser tão impulsivo em suas contenções, tinha muito receio dessa característica do medo e que era tão presente nele. Na vida profissional, como artista, tinha apenas que conter a não compreensão daqueles que não aceitavam pagar o valor de suas obras, mas na vida pessoal, não sabia dar espaço para um próximo passo. Sentia-se frio por isso. Achava que manter-se um observador das qualidades das mulheres que debruçavam nele, era mais bonito, porque soava poético as curvas dos cabelos quando saiam do banho, e ele ali parado na cama, seguindo cada gotícula de água, ainda morna, nas pontas dos fios; também não via problema em manter-se em silêncio enquanto uma delas discursava sobre os planos de um projeto, normalmente, se envolvia com outras artistas de gêneros diversos, mas artistas, o que de certa forma é o que os atraiam, a nobreza de ver arte dentro da vida.

Felipe era um ótimo ouvinte mas excelente juiz. O que obrigava Daniel escutar e segurar cada palavra que vinha dele. Felipe dizia que os problemas de Daniel eram os de muitos outras artistas, como ele. Que não tinha que ter medo de nada, porque como pensa ou age tem que ser daquele jeito. Não tem formula da verdade absoluta para nada, muito menos, nas relações pessoais, do homem e mulher.

Acreditava que o que tornava sólido era a compatibilidade em querer entender o outro, seja no silêncio ou nas palavras ditas. Contou da vida com a atual mulher, Julie; sempre foi uma troca, quando sentia que tinha que explicar, para Julie, o que era para ele agradável, sentavam e tentavam entrar em um acordo, mas respeitava que ela também tinha que extrair algo bom daquilo, foi assim desde o primeiro encontro, disse Felipe. Não ficamos escondendo nada um do outro, não tentávamos mudar nada, queríamos estar juntos, isso foi unanime, mas para que pudêssemos nos entender melhor e seguir na relação tivemos que aceitar, ambos, que não mudaríamos nada em nós mas estaríamos , sim, dispostos a experimentar mudanças para conhecer o como o outro assimila, compreende...Acho que foi por isso que estamos juntos até hoje.

Daniel, deu um golpe no copo com água e derramou o liquido aliviando a secura da boca. Sua teimosia entendia que era claro as diferenças dos artísticas e dos mais objetivos, como Felipe. Mas ele sabia que o sofrimento dele era em vão, até para ele mesmo, seu martírio criativo. Continuavam as conversas que sempre terminavam em festins licenciosos porque apareciam, nenhum pouco incomodas, Margareth, Catarine ou, as vezes, Lucia, ou até mesmo Helena, para continuarem as depravações da vida a dois.

Na Clearaudio's emotion SE que agora tocava Flamenco Sketches, Miles Davis, as mulheres que vieram dessa vez, Catarine e Lucia, dançavam com os olhos fechados na sala de convivência, cujo piso era de uma madeira nobre impecavelmente lustrada servia a dança dos pés descalços das moças enfeitiçadas. Daniel e Felipe, de vez em quando paravam só para olhá-las mas logo continuavam os assuntos devoradores de inquietações intimas daqueles corpos jovens, mas adultos experientes e sem pudores. Após o novo lado do disco, os rapazes já estavam mais apreciadores daqueles outros assuntos flutuantes, ondulados e aromáticos em seu frente.

Levantaram do divã para encarar os olhos cor de mel de Catariana e o escuro e amendoado, de Lucia. As duplas formadas, as danças tomaram mais fervor e audácia. Os casais riam juntos, falavam ao mesmo tempo e parecia uma festa de arromba, com muitas pessoas, um som alto e ensurdecedor. Mas não, eram quatro pessoas, uma sala imensa, uma mesa que era suporte de anseios e uma musica com picos de sedução e mistério. 

Foto de Mario Testino para Vogue Paris
Daniel alcançou o dimmer da grande sala e ostenta o clima de provocações, as mãos tomam mais liberdade, as pernas fazem encaixes estratégicos e engraçados, os corpos ficam mais próximos um dos outros, as vezes os dois casais se trombavam e riam da embriaguez, mas não deixavam de se tocar, até aproveitavam para trocar as damas e variarem as experiencias de tato, olfato e um diferente tipo de languidez. 

De repente os corpos se despem e ficam todos a vontade da dança e das sensações mais reais do que poderiam experimentar. Catarina com seus olhos de mel, era doce, mais acanhada e tinha a maciez de uma pétala de flor. Lucia já era mais agressiva, como os olhos que davam uma profundidade desconhecida. Tanto Daniel quanto Felipe, estavam adormecidos pelo prazer, queriam a todo custo sentir aquelas bocas extraírem seus rangidos cautelosos que conheciam como prazer.

Lucia foi a primeira a usar sua habilidosa boca até Felipe, que o olho-ardor flamejava só de sentir o toque dos lábios dela. Catarina observava atenta como uma aprendiz, enquanto Daniel acariciava o corpo de flor com a mesma delicadeza que deve ter com um tipo raro. As vezes nem Catarina aguentava a paciência de observador de Daniel e introduzia a mão dele onde ela queria que estivesse e ali ficam os dois se olhando como se estivessem de olhos fechados tentando encontrar algo que está escondido em um lugar escuro, quente e macio. Ele adorava que fazia isso, porque mesmo não tendo o ritmo de observador, Catarina tinha a ânsia de quem vasculha, então ficavam bons instantes assim, ao mesmo tempo em que Lucia e Felipe se perdiam entra bocas e flamejo....

sexta-feira, 13 de março de 2015

Pensamentos | Rascunho Abramovic

Depois da participar do Método Abramovic fiz um breve rascunho do que me ocorreu naquele instante e o que me foi permitido demonstrar pela escrita.

[...]

Silêncio - Eu

Acomodação - Sono

Lentidão - Paciência

Pedras - Vibrações/Concentração

Sem pressa, ouvir os sons do corpo, os pés pesados no chão, a marcha lenta, incorporação do movimento, coração, respiração profunda e presente o tempo todo.

O corpo estirado na cama com os olhos fechados, o escuro, o cansaço e um mergulho....de repente, eis que estou acordado, desesperado, perdido no tempo. Dormi muito? Será que todos ainda estão aqui? Que desespero, que medo de algo estar exposto sem eu poder ver.

Ombros muito tensionados, apoiados na impaciência, toque entre os olhos, no cristal, a vibração, talvez uma breve e minima vibração, formigamento...despertar!

Sentado de costas para um outro corpo, cansado, não compreendido, nota-se mais uma vez a necessidade do eu-sozinho, me ajusto em pensamentos daquele corpo, não o quero mais, não quero mais entende-lo. Agora sou eu, mais uma vez,
o Eu-silêncio.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Pensamentos | Algumas visitas

Há quanto tempo não sentia o seu perfume de perto...

Diz Helena com os olhos fechados para apurar mais o aroma do corpo dele, esse que equilibrava-se na leveza dela.

Josh é inebriante, cheio de motivação própria e uma independência-de-ser que era uma das combinações preferidas para Helena.

Ele sabia aparecer e sumir no momento certo; sempre que chegava o outono Josh aparecia como se fosse uma folha seca que caí em cima de você enquanto desce a rua para casa.

Eramos, e somos, muito amigos. Em suas visitas, sempre presenteava-nos com uma linda torta de frutas vermelhas para saborearmos no deck de casa, ao mesmo tempo que, o arredor, envermelhava-se, as flores amarelavam-se e tudo era um misto de tons alaranjados, marrons e verdes claros, escuros...muito prazeroso e acompanhado de bons cafés, guloseimas, risos e aquela paisagem em transmutação. 

Trazia suas histórias frustantes, alegres, as histórias passadas ou repetidas que escutava com a mesma atenção de quem escuta pela primeira vez, não importava-me, o que valia era a sua agradável companhia e aquele sorriso-menino que fazia dilatar as pupilas, quem olhasse de longe parecia-me assustada, mas não, era uma penetração de tudo que vinha dele; hipnotizava-me e fazia questão de esquecer o resto do mundo.

Josh contou de um breve e intenso romance que vivera em uma das suas viagens à Itália. A moça era
de um lugar em Sevilha, espanha. Contou que avistou o corpo próximo ao bar e imediatamente ficou estupefato. O corpo parecia raio de sol embrulhado em uma espécie de manto que tentava esconder o brilho e vigor; um mistério por de baixo daquele manto; não demorou a pensar e agiu por puro prazer. Pediu para o garçom informá-la que um certo moço a convidava para escolher o drink de sua preferencia e propor uma boa conversa. A moça para sua não surpresa, aceitou. Josh sempre soube encantar na medida certa para que não enjoássemos e nem quiséssemos demais.

Chegaram até a mesa e ao mesmo tempo em que se acomodaram nas poltronas macias do lounge as bebidas chegaram nas mãos de cada um. O corpo dela parecia aumentar a intensidade a cada vírgula da conversava, josh já estava inquieto por não conseguir conter o calor que espalhava-se; decidiu gentilmente expor a situação para a moça. A moça, Micaela, olhou docilmente para ele e disse um pouco desconsertada mas com os olhos dentro nos dele: Sinto que perto de você algo em mim triplica mas que também tem algo que estabiliza essa forte sensação. É bem estranho essa in-certeza, diz o tímido-sorriso.

Após o ponto final eles não esperaram nem um segundo e selaram uma harmoniosa combinação de fogo e ar.

Envolvida que estava na nossa conversa, sentira até um calor no toque que Josh espasmava durante a entusiasmada narrativa; pensando como pode ser delicioso o fogo brincando com o ar, a dança desses elementos que se misturaram em um rito sexual e o fogo que aumentava a cada suspiro do vento, o suor que gotejava larva de prazeres. Estava a ponto de pedir para ele parar de contar e sim me mostrar em prática aquilo tudo que experimentou....

Mas como o bem conhecia nunca dizia nada por acaso, entrelinhas conduzia às nossas fantasias e tentações.

Assim que finalizava, "Ela simplesmente engoliu o meu corpo e fazia-me sentir um instrumento sendo controlado como um termômetro, um afago de intensidades", os olhos refletiam um onírico misterioso, se aproximou de mim e levantou sutilmente o meu olhar para a sua postura dominante em seguida até a sua boca, em pé, os dois em frente as mudanças climáticas que jaziam da tarde para a noite, envolvi o meu corpo no seu e em um abraço quente, ambos estremeceram com um arrepio ininterrupto que não era fruto do frio, mas sim, do toque macio das nossas bocas, das mãos que pareciam plumas acariciando o corpo de cada um, das sutis provocações de sexo, de um dizer na ponto do ouvido "te quero em mim", "eu quero sim", "então vem.."....

Ficamos nessa reluzente brincadeira por alguns minutos, talvez horas. A saudade dava-nos liberdade para não nos preocuparmos com o tempo. Quando anoiteceu completamente a luz da lua nos convidou para o quarto que tinha uma ampla janela que mantinha-nos prateados pelo lua.

Não precisei acender a lareira porque nossos corpos já estavam quentes o suficiente para manter o quarto todo febril. As caricias hora tônicas, hora atônicas, os cabelos, dançavam pelo meu rosto e quando olhava para ele por entre os fios bagunçados via seu sorriso afetuoso como quem agradecia o que contemplava.

Sempre consegui me jogar por inteira nele, e ele, sempre aprimorava e aprendia mais excentricidades. Não eram posições estranhas, não era excesso de toque, não era o limite físico, eram doses combinadas pelos nossos olhares, pelo que vinda de dentro e que não tinha palavra para descrever ou técnica, e não que tivéssemos lido em livros ou que testávamos a partir de um relato amigo, não.

Juntos esquecíamos os clichês, claro, já tínhamos as nossas combinações preferidas e que sabíamos que dava certo. Mas Josh gostava de ultrapassar o tempo e ir por longos e longos minutos como nossas conversas.


Por isso era muito agradável recebe-lo
mas também em dizer, Até breve.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Pensamentos | Balanço

Quem foi que disse para parar?

Parei porque vi você sorrindo

Seu sorriso estava tão lindo e perto de mim

Não pude me mover de onde estava

Você em um balanço preso na arvore

Ia para frente e para trás, as mãos firmes na corda para não tombar o corpo

Me fez tão bem o seu balanço, o seu sorriso e parar para te ver.

Que agora que esta partindo

sinto um silencio dentro de mim

porque agora o balanço está sozinho

não haverá mais sorriso

e nem ninguém para olhar.


Pensamentos | Não sei amar, admito.

....Não impactou nada na vida de Helena.

Helena sempre foi uma doce mulher, gostava de sorrir para todos na rua, tinha sempre muitos amigos ao seu lado, não era de negar um convite, gostava de trabalhar na medida que o que fizesse a satisfazia, se isso não bastasse, mudava de trabalho como quem corta o cabelo ou de tonalidade todo mês. Sabia que voltaria ao que era quando passasse o tempo necessário. Sempre muito prática com as suas relações do dia a dia gostava da praticidade para que nada pesasse em seus sonos, mesmo que a tarefa fosse árdua, ela dava o seu máximo para terminar no prazo que tinha se comprometido, passado ele, não levava nada para a sua cama!

Ler e escutar. Dê o play:



O modo como se vestia era intrigante, podia ser noite, tarde ou manhã, mas as maçãs do seu rosto eram iluminadas, o corpo sempre dançante, flutuava na maioria das vezes.

Mas o que ninguém sabia era como realmente essa mulher vivia. Já que o que conheciam era aquela beleza esvoaçante que atordoava os olhos monótonos pelos vidros limpos dos cafés e pâtisseries.

Toda manhã acordava e olhava para o vaso de flores que era repleto de magnitude, gostava de enxergar a vida em diversos aspectos. Era indispensável uma moringa de vidro com água até a metade que,  na madrugada, carregava até o criado mudo, esse silencioso contador de histórias, era como um rito, o gole d'água que deslizava por sua garganta, dizia sentir-se como uma árvore e muitas raízes organismo adentro, sentia o frescor daquela hidratação desde a papila no ápice da língua até os pés. Isso era vida e assim que gostava de senti-la.

Ainda no despertar, o corpo defronte arqueava para raios do sol, talvez dai que viesse aquele reluzente que transbordava e eram pelas maçãs do rosto que chamava a atenção das pessoas alheias na rua...

A tarde ia trabalhar caminhando, presava que seus trabalhos fossem próximo da sua casa, era praticamente um insulto se tivesse que ligar seu carro. Não era uma pessoa severa quanto as questões ambientais, políticas e etc, era na medida que toda consciente precisa ser, mas a qualidade do seu desempenho dependia muito desse fator de proximidade casa-trabalho.

Helena tinha como qualquer outra pessoa, seus altos e baixos, uma vez se apaixonará em uma dessas festas tipicas no ano,  encantada pelo rosto juvenil daquele rapaz, Helena vivera com ele o que nunca tinha experimentado antes, sempre dançava com seus amores, não entregava-se tão prontamente. Mas com esse rapaz foi diferente, entregou-se e foi intensamente feliz como nunca. Durou apenas duas noites. Helena abraçou o adeus da despedida como um chocolate puro, amargou-se no começo mas depois pode desfrutar daquele doce que a saciou como nenhum outro. Depois dessa despedida Helena sentia o coração apertado por não querer procurá-lo e nem mesmo recitar seu sonho-desejo que estava vivendo por ele. Racionalizar seus sentimentos pós os relacionamentos era o que mais Helena sabia fazer. Sempre dizia que seus amores vivem no Bom dia e Com Licença ao longo de sua jornada, bastava.

Amor para Helena era uma faculdade que não tinha interesse em estudar, como sempre foi pratica, relutava por essa suposta conquista de Um amor. Para ela isso não era certo. "Luto para vencer algo que estão tirando de alguém frágil, não de mim, que posso escolher se dou ou nego o que tenho para oferecer", dizia ela. Amor é para ser solto, é o comungar de uma sombra, ele está presente na minha vida como o meu respirar que está ávido em cada milésimo do movimento do meu viver.Ter que lutar por um amor era o próprio fim da guerra. Helena gostava era de guerrilhar tratando-se do amor, por isso não o admitia, se tivesse que entregar-se à ele, era o fim de tudo que gostava. O mistério das emboscadas, o campo minado, o escuro,...


Outro dia sentada em um dos cafés que sempre passava na frente a caminho de casa; conversando com um amigo que estava atordoado e apaixonado pela colega de trabalho de Helena, entre um assunto e outro, ele a questionou: E você Helena, não é possível que tão linda e sorridente que és, estas sozinha sem amar. Helena abrandou o termino do gole no chá de jasmim fresco, ergueu os olhos e os olhos e maças do rosto ficaram bem na frente do colega, esses reluzentes, e disse:

Eu não sei o que é esse amar, admito....


[De trás para frente - de frente para trás]


segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Pensamentos | Nossas conversas 1

Pode ser troca de sintonia, não sei.




É como uma criança ansiosa, mas uma ânsia por fantasias, como se fosse um dia de Halloween, Gostosuras ou Travessuras. Nunca imaginei que viesse a pensar nesse universo desse jeito.




[Eu Risos]




Tenho aprendido muito sobre mim mesma e um pouco das outras pessoas.




Quando era mais jovem, não tinha pressa para entender os segredos dos corpos. Não era um baú de curiosidades, apenas apreciava-os com um elo entre duas pessoas nunca dei atenção para o assunto. guardava no arquivo classificado como: sem categorias.




Pobre ingenuidade.




Evidentemente, tudo muda. Comecei a descobrir como os beijos depois do primeiro, que quanto mais cambiar relações, o universo se amplia de maneira como uma pele delgada acima das sensações. E não se trata de quantidade e qualidade, mas de Experiência.




- Sim... [Ele atento]






Portanto, nunca analisava por esses ângulos, simplesmente não me preocupava.




Também porque não fui educada para tal. Que por um lado, dificultou muito, penso eu.




Não ser educada sexualmente tornou, o eu-individuo, um pássaro galante tolhido em uma gaiola.




 Nem imaginava que podia cantar até que escutou o cantarolar de um outro pássaro e, para seu espanto, não tinha nenhum tipo de prisão. Deslizava leve no céu e ia encontro com uma revoada festejante...o pássaro piou até descobrir o seu próprio canto, e deu um jeito de libertar-se daquela gaiola para que também pudesse voar com o seu bando.






Tornei-me tímida, não quis relacionamentos longos que invadissem meu desconhecido refugio.






[...]





Hoje, um tanto criativa, enxergo as cenas como um divertido quadrinho.








Com minha criatividade acentuada consigo explicar algumas coisas e mesmo assim é um assunto desconhecido e que meus personagens vivem muito mais que eu, que ainda não aprendi a desagarrar meu lado crítico e observador.






- Eu, como homem, também tive dificuldades. Sentia que era minha obrigação saber o que estava fazendo, por isso muitos recorrem às profissionais. É, também, tive minhas hesitações.




[Ele Finaliza sem dar espaço para objeções]





[Eu Continuo]




Tratando-se das descobertas, nesse período de escola do prazer, "aprendi" com essas experiencias que, o mesmo desejo que tenho quando falam ao pé do meu ouvido, o outro tem o mesmo arrepio que tenho, ou quando apertam o meu corpo, meu quadril, o outro, também sente aquele mesmo prazer dominante entorpecer. É muito engraçado, por assim dizer, que coisas tão claras, no bom senso, parecem ser algo especial e novo.




Ou seja, o meu desconhecido medo em pensar que o que sentia era diferente para o outro, caiu diante do palco para todos os presentes.






- Isso é um facto, deseducados às percepções, tratamos o outro como um desconhecido. Mas a realidade é que, o corpo (e corpos) é o mesmo, a cabeça, sim, essa pode mudar, consequentemente, surgem os cadeados nas gaiolas.




[Tomamos as taças na mão e brindamos com um riso à nossa ingenua persona sexual]











Era uma noite agradável e fresca. Era a própria gaiola aberta para o pássaro e para a liberdade....











[Mais tarde, no desenrolar da conversa]




- E seu primeiro jubilo? [Ele, um verdadeiro sem-reservas de prontidão aos sons de minhas respostas]







Na época achei o máximo. A primeira experiencia a gente nunca esquece. Não era apaixonada por ele, nem era alguém que esperava ver no dia seguinte. Deixei as coisas acontecerem de tal forma que, estava em algum lugar, em um quarto amarelo e um corpo em cima de mim.




Nem lembro nome, data e qualquer outro detalhe.




Mesmo depois de alguns encontros pensava que "tudo" era "aquilo" que acabara de vivenciar, parecia-me que todos os homens seguiam uma regra interna ou encontravam-se algum dia da semana para definirem seus comportamentos como homem perante um contato não verbal com uma mulher




Com os olhos abertos enxergava o Marcos,

fechava os olhos, estava com Fernando,

Abria os olhos e, na verdade, estava com o Gustavo.







- Francamente, até meus 30 anos não sabia nada sobre sua anatomia e o mais ínfimo prazer.




[Ele defende com respeito]







Não se intimide, a mulher também demora muito para conhecer a si. E só percebe depois que estampadas em suas digitais, em seu halito, em sua carne...a sua sexualidade.







Conheci o Novo Ele, esse apresentou-me o sex appeal, o sexo-de-ser-sexo.


Tinha elementos físicos tão marcantes que sutilmente evaporavam sentimentos.


Deixava-me ardente, traduzia a mulher como a Pura delicadeza, moldava meu corpo como se fosse uma argila, e quando queria aquecia-o para endurecer da forma como bem entendesse; Ele sabia a marcha certa para meu prazer, era tudo sobre o seu controle, sem se esquecer de quem o corpo pertencia, fazia com que eu me sentisse mais confiante para explorar um novo voo...

[Arqueou um sorriso solto na face]




E Ele ali, bem diante de mim,
apreciava as notas das minhas palavras que vibravam com o toque dos lábios um no outro, o dente, a língua e a saliva que nutria as sensações em seu próprio corpo como se fosse


o meu.