quinta-feira, 12 de março de 2015

Pensamentos | Algumas visitas

Há quanto tempo não sentia o seu perfume de perto...

Diz Helena com os olhos fechados para apurar mais o aroma do corpo dele, esse que equilibrava-se na leveza dela.

Josh é inebriante, cheio de motivação própria e uma independência-de-ser que era uma das combinações preferidas para Helena.

Ele sabia aparecer e sumir no momento certo; sempre que chegava o outono Josh aparecia como se fosse uma folha seca que caí em cima de você enquanto desce a rua para casa.

Eramos, e somos, muito amigos. Em suas visitas, sempre presenteava-nos com uma linda torta de frutas vermelhas para saborearmos no deck de casa, ao mesmo tempo que, o arredor, envermelhava-se, as flores amarelavam-se e tudo era um misto de tons alaranjados, marrons e verdes claros, escuros...muito prazeroso e acompanhado de bons cafés, guloseimas, risos e aquela paisagem em transmutação. 

Trazia suas histórias frustantes, alegres, as histórias passadas ou repetidas que escutava com a mesma atenção de quem escuta pela primeira vez, não importava-me, o que valia era a sua agradável companhia e aquele sorriso-menino que fazia dilatar as pupilas, quem olhasse de longe parecia-me assustada, mas não, era uma penetração de tudo que vinha dele; hipnotizava-me e fazia questão de esquecer o resto do mundo.

Josh contou de um breve e intenso romance que vivera em uma das suas viagens à Itália. A moça era
de um lugar em Sevilha, espanha. Contou que avistou o corpo próximo ao bar e imediatamente ficou estupefato. O corpo parecia raio de sol embrulhado em uma espécie de manto que tentava esconder o brilho e vigor; um mistério por de baixo daquele manto; não demorou a pensar e agiu por puro prazer. Pediu para o garçom informá-la que um certo moço a convidava para escolher o drink de sua preferencia e propor uma boa conversa. A moça para sua não surpresa, aceitou. Josh sempre soube encantar na medida certa para que não enjoássemos e nem quiséssemos demais.

Chegaram até a mesa e ao mesmo tempo em que se acomodaram nas poltronas macias do lounge as bebidas chegaram nas mãos de cada um. O corpo dela parecia aumentar a intensidade a cada vírgula da conversava, josh já estava inquieto por não conseguir conter o calor que espalhava-se; decidiu gentilmente expor a situação para a moça. A moça, Micaela, olhou docilmente para ele e disse um pouco desconsertada mas com os olhos dentro nos dele: Sinto que perto de você algo em mim triplica mas que também tem algo que estabiliza essa forte sensação. É bem estranho essa in-certeza, diz o tímido-sorriso.

Após o ponto final eles não esperaram nem um segundo e selaram uma harmoniosa combinação de fogo e ar.

Envolvida que estava na nossa conversa, sentira até um calor no toque que Josh espasmava durante a entusiasmada narrativa; pensando como pode ser delicioso o fogo brincando com o ar, a dança desses elementos que se misturaram em um rito sexual e o fogo que aumentava a cada suspiro do vento, o suor que gotejava larva de prazeres. Estava a ponto de pedir para ele parar de contar e sim me mostrar em prática aquilo tudo que experimentou....

Mas como o bem conhecia nunca dizia nada por acaso, entrelinhas conduzia às nossas fantasias e tentações.

Assim que finalizava, "Ela simplesmente engoliu o meu corpo e fazia-me sentir um instrumento sendo controlado como um termômetro, um afago de intensidades", os olhos refletiam um onírico misterioso, se aproximou de mim e levantou sutilmente o meu olhar para a sua postura dominante em seguida até a sua boca, em pé, os dois em frente as mudanças climáticas que jaziam da tarde para a noite, envolvi o meu corpo no seu e em um abraço quente, ambos estremeceram com um arrepio ininterrupto que não era fruto do frio, mas sim, do toque macio das nossas bocas, das mãos que pareciam plumas acariciando o corpo de cada um, das sutis provocações de sexo, de um dizer na ponto do ouvido "te quero em mim", "eu quero sim", "então vem.."....

Ficamos nessa reluzente brincadeira por alguns minutos, talvez horas. A saudade dava-nos liberdade para não nos preocuparmos com o tempo. Quando anoiteceu completamente a luz da lua nos convidou para o quarto que tinha uma ampla janela que mantinha-nos prateados pelo lua.

Não precisei acender a lareira porque nossos corpos já estavam quentes o suficiente para manter o quarto todo febril. As caricias hora tônicas, hora atônicas, os cabelos, dançavam pelo meu rosto e quando olhava para ele por entre os fios bagunçados via seu sorriso afetuoso como quem agradecia o que contemplava.

Sempre consegui me jogar por inteira nele, e ele, sempre aprimorava e aprendia mais excentricidades. Não eram posições estranhas, não era excesso de toque, não era o limite físico, eram doses combinadas pelos nossos olhares, pelo que vinda de dentro e que não tinha palavra para descrever ou técnica, e não que tivéssemos lido em livros ou que testávamos a partir de um relato amigo, não.

Juntos esquecíamos os clichês, claro, já tínhamos as nossas combinações preferidas e que sabíamos que dava certo. Mas Josh gostava de ultrapassar o tempo e ir por longos e longos minutos como nossas conversas.


Por isso era muito agradável recebe-lo
mas também em dizer, Até breve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário